sexta-feira, 18 de maio de 2012

As Bodas

Lautas bodas
Sem favor!
Trinta dias de papança!
As damas ficam mais gordas
Aos homens lhe crescem a pança,
O povinho, em seu labor
Apreciando a folgança
Dá-se conta da abastança
E mais louva o seu Senhor!

A Princesa, mui louçã
Desde a primeira manhã
Em que nos véus se envolveu
Já começa a dar de si
Com tais desmandos por i
Já lhe cuida do que é seu...
E além do mais... está cansada
Pois para recém casada
Quere-se repouso e cuidado
P´ra o que foi bem guardado
Não venha por descuidado
A ser dado por não dado

- : Senhor Pai, findai a festa
Que a razão já não se presta
A tão luzidos festejos,
Já tenho um mês de esposada
Começo a estar enfadada
Da demasia dos beijos
A saber a marmelada

Senhor Pai
Assocegai...
Por Deus, que já é suplicio
Ver por tal o desperdicio
Que por esses paços vai...
Assocegai
Senhor Pai!!!

Ouvidos de mercador
Faz o Rei que é gozador
E amigo de companhia
- : Folgaremos à porfia
Que a tão asada alegria
É mister dar seu valor...

Então, a pobre Princesa
Em justa revolta acesa
Dando voz à natureza
Dos seus motivos concretos
De ar irado e vista torva
Ao Rei lhe pregou com esta:
- : Pois fica por conversado
Continuai vós a festa
E outra vos dê os netos
P´ra vosso real agrado!

E fechou-se em sua alcova
Por um ano bem contado...




Sem comentários:

Enviar um comentário